08/03/2007

AULA 6


A ROSA DO POVO:


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Nota 10:
Site onde você encontra vários poemas declamados pelo autor! Muuuuuito bom!

(Arte: Eric Zorob)

Chaplin e a Rosa do Povo, de Lucila Nogueira

http://www.plataforma.paraapoesia.nom.br/lucila_ensaios.htm
Um texto consistente e gostoso de ler sobre as relações desse ícone na poesia de CDA.

Para ler/ver/ouvir e refletir: T Ã O L O N G E, TÃO PERTO


IDEOLOGIA



Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Ah, eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

O meu tesão
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Pra viver
(Cazuza)



Nosso tempo

I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.As leis não bastam.
Os lírios não nascemda lei.
Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.


Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.


Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

(Carlos Drummond de Andrade)

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